sábado, 22 de setembro de 2007

A Cura

Estágio 2: A aceitação

Então a pessoa acorda, toma banho e vai pro trabalho. Almoça 100gr, e volta a trabalhar. Pega o transporte e volta pra casa. Toma banho e dorme. Acorda no dia seguinte.
Está ligada no "automático". Um zumbi. Mas pelo menos não está chorando, mas também não está vivendo. Dorme.

E finalmente, ela acorda, e a única coisa que vêm a cabeça é: "que idiotice estou fazendo". E tudo muda. Aquela nuvem cinzenta some... Acorda mais disposta, olha-se no espelho e toma um susto, como pode ficar andando na rua assim, como um ser não-vivo? Se arruma, e se sente bonita.
Se inscreve em mil cursos, liga para amigos que não fala há milénios. Vai no salão de beleza cortar o cabelo. Os amigos devem ficar atentos para que a vitima não faça nada que vá se arrepender depois.

Volta a viver. Pelo menos tenta, né?

Nesta fase, a pessoa sente raiva. E passa a se culpar por ter permitido ficar triste e sofrer. Não tenta mais falar com a pessoa que a deixou triste. E se esforça ao máximo para ficar bem.
E vai vivendo cada dia, desejando que o tempo passe rápido, e todo o sentimento desapareça.


Até que um dia....

domingo, 16 de setembro de 2007

A Cura

Estágio 1: O Choro

A pessoa neste estágio chora muito, um choro desesperado, descontrolado. Tudo perde o sentido. Tudo perde a graça. Não consegue fazer nada, só sente vontade de ficar em um canto, chorando. Chora, chora. Pára de chorar. E chora novamente.
Não dorme a noite. Não quer ver ninguém. Não come. Sente nauseas, e chora. Uma dor imensa por dentro, e chora.
Liga diversas vezes para a "causa" desse choro, manda e-mails, mensagens. Fala coisas sem sentido, chora, briga, chora, pede desculpas, pede uma explicação, chora, pede outra chance chorando.
Com suas últimas forças tenta não chorar.
talvez tome remédios para dormir. talvez tome sorvete e coma chocolate.
Os amigos, nesta fase só podem observar, evitar deixar a pessoa por muito tempo só, pois a pessoa, em alguns casos, não ver sentido em continuar existindo.
Entra no período de "fossa". Fica no quarto, parece um zumbi... não atende o telefone, não faz nada, talvez assista tv. Quando entrar nesse momento, os amigos devem visitar a pessoa, levar um filme (sugiro terror, pois ele não vai conseguir abalar a pessoa), sorvete, chocolate e pipoca.
Durante a fossa, o choro diminui. Até o clímax, que é uma noite chorando muito, e enfim a vítima dorme.

sábado, 15 de setembro de 2007

.presente.

este post não tenta se fixar no presente, afinal ele não existe.

Na escola aprendemos a conjugar verbos, passado, presente, futuro.
Eu vivo, tu vives, ele vive.
Mas o presente é um instante, uma fração curta de tempo, muito curta.
A primeira vez que percebi que o presente não é usado, foi numa narração que fiz no 3ºano colegial. No texto eu coloquei verbos no presente, para dar uma idéia de que a ação estava acontecendo a medida que o leitor lia o texto. O professou corrigiu os verbos, colocando-os no pretérito.

Agora, nas aulas de narrativas o professor diz que so existe o presente, que o passado é a lembrança, e o futuro é a esperança.
Mas, depois, no final da aula, ele fala da teoria de que não existe o presente, mas a turma estava com muita pressa para ouvir sobre isso, e ele se cala. Ops, se calou, afinal isso já passou mesmo...

As vezes pensamos no presente, e achamos que não fizemos nada com a nossa vida, então traçamos planos futuros...o tempo não está do nosso lado...
É neste presente 'inexistente' que o peso da culpa, da consciência, nos atormenta.

O passado, passou. O que vou fazer com o meu presente?